Huda - Como me converti ao Islam - Parte 1
- Oryana Silva
- 6 de set. de 2021
- 5 min de leitura
Sempre acreditei na existência de um Deus, ou numa entidade superior invisível.
Minha mãe e minha avó me ensinaram desde pequenininha a agradecer pelo pão de cada dia. Me levavam para a igreja do Nazareno quando era criança, mas sem nenhum compromisso.
A família do meu pai era católica, mas também não muito religiosos. Por influência, quis acompanhar minha prima na catequese, e lá me ensinaram o conceito da trindade, o qual nunca consegui compreender, por mais que me explicassem. Quando era hora de me batizar, minha mãe me proibiu. Ela disse-me que quando eu estivesse numa idade madura e tivesse consciência do que estivesse a fazer, aí sim, poderia escolher. Hoje, agradeço a Deus e a ela por isso.
Na minha família existem ainda pessoas com outras crenças, como por exemplo testemunhas de Jeová. Convidaram-me algumas vezes a participar de suas congregações e fui algumas vezes quando mais jovem, com prazer. Também tive amigos adventistas e de outras inúmeras igrejas com nomes diferentes dos quais não me lembro bem. Cada um dizia algo diferente, cada um com sua versão da bíblia, e nunca nenhum deles conseguiram me fazer compreender a trindade.
Com o passar do tempo, a minha avó começou a frequentar um centro espírita – o racionalismo cristão, e me levava junto com ela. Confesso que eu não gostava nada daquele ambiente, porém acreditava no poder da Luz do Universo, e aprendi a recitar o grande foco.
Quando estava no 10º ano escolar, na aula de história, aprendi um pouco sobre as religiões do mundo, as politeístas e as monoteístas. Dentre as monoteístas, estavam, por ordem cronológica, o judaísmo, o cristianismo e o islão. No ponto de vista histórico, fiquei um pouco confusa, pois me perguntava porque paramos no tempo relativamente à religião. Porque aceitamos uma parte da história e rejeitamos sua continuidade. Mas na época, eu estudava e treinava na equipa nacional de ginástica rítmica, e não tinha muito tempo para refletir sobre história, religião, etc... muito menos pesquisar.
Houve uma vez em que estávamos num voo Roma-Tunis, rumo a uma participação de um campeonato africano de ginástica rítmica. Houve problemas durante voo, e uma enorme queda de altitude. Todos no avião ficaram em pânico, mas eu mantive-me calma, embora com medo, recitando o grande foco que a minha avó tinha me ensinado. Mas, quando já estávamos bem perto do mar, eu pedi com todas as forças “Deus, se tu existes, faz este avião aterrar com todos sãos e salvos”, e logo senti uma paz no meu coração, como se alguém tivesse me dito “vai dar tudo certo, não te preocupes”. Nunca me esqueci do conforto que esse Deus me deu naquele dia, embora, continuava num sistema / modo de vida bastante ocupada, sem tempo para reflexões.
Quando iniciei os estudos universitários, no Canadá, eu já não treinava para competições, e como já estava habituada a estudar de forma eficiente, tinha bastante tempo livre para reflexões. Tinha uma amiga adventista que começou a fazer estudo biblico comigo. Eu lia, e mais eu lia, menos eu identificava o que lia com o que se praticava nas igrejas (qualquer uma delas que eu já conhecia). Visitei várias igrejas, e vários estudiosos da bíblia, mas sempre tentavam me imbutir ideias das igrejas que não conicidiam com o que estava escrito na bíblia.
Achava a bíblia muito confusa, com várias contradições e muitas métaforas que poderiam ter inúmeras interpretações. É facto, e por isso, existem hojes muitas igrejas, cada uma defendendo seu ponto de vista. Como poderia eu acreditar num livro que nem sei qual é a versão verdadeira? Com diferentes versões, que gera muita confusão e que nem sequer temos a versão completa original, na sua língua original, disponível para todos? A bíblia é totalmente a palavra de Deus?[1]
Quis conhecer a origem de tudo, por isso iniciei uma pesquisa sobre história das religiões, como tudo começou e o que aconteceu ao longo do tempo. Uma das coisas que descobri foi que a natureza divina de Jesus, que a paz esteja com ele, foi decidida no Primeiro Concílio de Niceia[2], um concílio de bispos cristãos, reunidos na cidade de Niceia, pelo Imperador Romano Constantino I em 325dc. Percebi nesse momento que eu não estava errada em não acreditar em Jesus, que a paz esteja com ele, como sendo um Deus ou parte dele, nem mesmo como filho divino de Deus, o que é mostrado na própria bíblia[3].
Durante meu estudo bíblico, comecei a questionar a razaão pela qual os cristãos não praticam o que está escrito na bíblia, principalmente no velho testamento. E quando eu questionava nas igrejas e aos cristãos em geral, diziam que aquilo estava ultrapassado, não há necessidade de praticar pois Jesus veio nos salvar, basta acreditar. Isso também não me convenceu, visto que li na bíblia que Jesus disse: “Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas; não vim para revogar, vim para cumprir”- Mateus 5:17. E Jesus cumpriu tudo o que estava escrito no antigo testamento, segundo a bíblia, ele teve fé e acreditou em um só Deus, foi circuncidado, orou prostrando-se, não comeu carne de porco, jejuou 40 dias, etc... Também, não me pareceu nada razoável que todos tenham salvação só por acreditar sem praticar nada, como tudo na vida, só palavra não basta, é preciso agir em conformidade.
Foi então que comecei a conviver com alguns muçulmanos, conhecer seus hábitos, crenças e práticas... Quanto mais eu os conhecia, mais via que eles cumpriam o que estava na bíblia, enquanto os cristãos não o faziam. Vi como Deus para um muçulmano está sempre presente em qualquer ato, em todos os momentos, então me apresentaram um alcorão. Quando comecei a ler o alcorão, tudo ficou mais claro para mim. Compreendi as confusões e as contradições da bíblia. As histórias dos profetas tinham mais detalhes e não tinham contradições. Percebi que era um livro que falava de tudo o que precisamos nessa vida, não só religião mas um modo de vida que se adapta à natureza humana, que responde às necessidades do ser humano, que nos mostra como viver bem de forma individual, na família e em sociedade, fala da nossa conexão com Deus, da nossa conduta moral, fala do comércio, das leis, da política e inclusive da ciência.
Fiquei imensamente surpreendida com a quantidade de descobertas científicas recentes[4] que já se encontravam no alcorão. Um livro que foi preservado na sua língua original e que não há diferentes versões. Quanto mais conhecia, mais compreendia. Minhas questões foram e têm sido respondidas de forma simples, clara, com lógica, provas e coerência. E diferente das outras religiões, o Islão incentiva a busca constante do conhecimento.
Tive a oportunidade de experimentar meu primeiro jejum, antes de me converter, ainda em fase de estudo. Quis apenas experimentar 1 a 3 dias, mas consegui fazer um mês inteiro e me senti muito bem.
Após muita pesquisa histórica, muito estudo da bíblia, do alcorão, e da vida do profeta Muhamed, que a paz de Deus esteja com ele, senti em meu coração que eu estava no caminho certo e declarei o islam como religião para a minha vida.
Sou grata por Deus ter me orientado nessa direção. Hoje me sinto uma pessoa muito melhor, em paz, completa e feliz, graças a Deus.
[1] Assistam esse vídeo: (501) Jimmy Swaggart defende "Bíblia é a Palavra de Deus" diante de Ahmed Deedat - YouTube [2] Primeiro Concílio de Niceia – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org) Podem pesquisar outras referencias e outros concílios realizados também. [3] Anexo 1 - algumas passagens bíblicas que mostram que Jesus não é Deus, nem filho de Deus. [4] Anexo 2 – factos científicos do alcorão.
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